segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O Mundo de Um Homem - Abby Green

Título Original:
When Rafaele´s World Stops Turning
Copyright © 2014 by Abby Green


Protagonistas:
Rafaele Falcone e Samantha Rourke

Sinopse:

Rafaele Falcone comanda seu luxuoso império automobilístico e sua vida pessoal com a mesma frieza implacável. Suas decisões são totalmente racionais, e ele sempre exige o melhor. Por isso não hesita em convidar a brilhante engenheira Samantha Rourke a fazer parte de sua empresa, mesmo depois de tê-la abandonado anos atrás. O sexy sotaque italiano ainda a deixa arrepiada, mas Sam sabe que sentir o toque dele em seu corpo novamente é impossível. Porque Falcone está prestes a descobrir seu grande segredo… e o mundo dele virará de cabeça para baixo!


Resenha:

Esse é o primeiro livro da trilogia "Irmãos de Sangue" da Abby Green que, para variar, eu comecei pelo segundo. Pude notar que os dois livros começam pela mesma cena, porém em perspectiva diferente. Cada um, pela perspectiva de seu protagonista, algo que eu, particularmente não havia visto em livros de banca até hoje e realmente gostei. O que que eu não senti muita firmeza foi na química entre Rafaele e Sam. Eu gostei da forma como foi abordado o tema da paternidade omitida, gostei que ele não ficou enchendo o saco querendo casar e ela enchendo o saco não aceitando somente por causa do filho. Eu acho já meio desgastado esse plot de que o mocinho quando descobre que tem um filho quer casar com a mocinha a todo custo e a mocinha se recusa até a última gota de resistência. Menos mal, esse não foi assim. Eles tomam uma atitude diferente, que eu particularmente gostei. Só senti realmente falta da química entre o casal. Talvez tenha sido porque não mostrou de fato, como eles se envolveram, então a gente meio que não entende do que eles estão falando, quando se referem a explosão de desejo que um tem pelo outro. Eu, pelo menos, preciso visualizar isso em algum momento. Se for narrando em tempo real, se for narrando o passado, não importa, mas que mostre e esse livro, creio que pecou nisso e deixou de fora esse ingrediente essencial para mim. Em relação a decisão tomada por Sam, me desculpe, Rafaele, mas eu teria agido i-gual-zi-nho! Spoiler Alert: Estava notório que ele não queria o bebê em primeiro lugar e ainda mais notório ficou o alívio dele quando achou que ela houvesse perdido o bebê, fugindo do hospital na primeira oportunidade. Eu achei ele bem ridículo nessa parte. Depois quis dar de super pai. Socorro, né? Dei três estrelinhas, mas facilmente teria dado um regular, não fosse pelos pontos citados acima.

Sam trabalhou para Rafaele anos atrás. Eles se envolvem e ela acaba grávida. O que Sam não imaginava é que na mesma conversa em que ela lhe conta sobre o bebê, ele esperava terminar com ela, pois achava que estava se apegando demais. Créditos para Sam e Milo, porque amo esse nome. 

Trilogia "Irmãos de Sangue"

- O Mundo de Um Homem - Rafaele Falcone e Samantha Rourke
- O Amor de Um Homem - Alexio Christakos e Sidonie Fitzgerald
- A Decisão de Um Homem - Cesar da Silva e Lexie Anderson


Ponto Alto:


– Eu preciso contar uma coisa a você.

Ele a olhou com cautela.

– Conte, então.

Sam estava vermelha e torcia as mãos, perguntando-se se estava completamente louca em sentir-se otimista sobre a reação daquele homem.

Eles haviam passado apenas um mês juntos. Um mês intenso, glorioso, inebriante. Quatro semanas. Aquele tempo era mesmo suficiente?

– Sam?

Sam resolveu encarar Rafaele, respirar fundo e declarar:

– Rafaele... eu estou grávida.

As palavras ficaram suspensas entre eles, e um silêncio constrangedor se instalou na sala. Rafaele havia literalmente perdido a cor, seus olhos destacando o tom nítido de verde contra sua palidez.

– Como?

Ela respirou fundo, chocada com a reação, o sangue praticamente congelado em suas veias.

– Eu acho... que não fomos cuidadosos.

Um eufemismo para a quantidade de vezes em que não foram cuidadosos...

No banho, na sala de estar do palazzo de Rafaele, quando estavam tão impacientes para ir até o quarto, na cozinha do apartamento dela em uma noite, quando ele a empurrara contra o balcão afastando suas roupas...

Sam se sentiu excitada e mortificada ao mesmo tempo. Aquilo tudo parecia tão... desesperado agora. Foi sexo, não romance. Ela alguma vez o conhecera de verdade? A vulnerabilidade que sentira naquele momento era mortificante.

Ele a olhou de forma acusadora.

– Você disse que tomava pílula.

Sam respondeu, defensiva:

– Eu estava... estou. Mas lhe disse que era uma pílula de baixa dosagem, não especificamente para contracepção.

E eu fiz uma pausa de 24 horas há algumas semanas...

Rafaele desabou na cadeira. Parecia ter envelhecido dez anos em dez segundos.

– Isso não pode estar acontecendo – murmurou, como se Sam não estivesse lá.

– É um choque enorme tanto para mim quanto obviamente para você.

Ele a encarou e sua expressão endureceu.

– Você tem certeza de que é um choque? Como vou saber se isso não foi planejado em uma tentativa de me preparar uma cilada?

Sam havia quase cambaleado para trás. Abriu a boca para falar, mas não conseguiu produzir nenhum som por alguns instantes, até que, finalmente, disse:

– Você acha... realmente acha que engravidei de propósito?

Rafaele se levantou e começou a andar para lá e para cá, com alguma cor voltando ao seu rosto, o que acentuava sua deslumbrante beleza. Ele riu de um jeito que gelou Sam até os ossos, porque ela nunca havia escutado uma risada como aquela, carregada de tanta amargura.

Rafaele a encarou novamente.

– Não é inédito, você sabe bem, que uma mulher tente garantir-se, fisgando um homem rico.

A profundidade desse, até agora desconhecido, cinismo a deixou atônita.

Sam se aproximou da mesa de Rafaele, suas mãos cerradas em punhos.

– Seu desgraçado. Eu nunca faria algo assim.

E então Samantha se deu conta do que se tratava a expressão e a aspereza de Rafaele assim que entrara em seu escritório, antes mesmo que tivesse a chance de falar. Uma verdade muito cruel a alcançou.

– Você ia me dizer que estava tudo terminado entre nós, não é? Por isso você me chamou aqui.

Rafaele a encarou, com seu rosto desprovido de emoção.

– Sim.

Isso foi tudo. Uma palavra. A confirmação de que Sam estava vivendo no mundo da fantasia, acreditando que o que ela havia compartilhado com um dos playboys mais experientes do mundo era diferente.
Tomada por sentimentos terríveis de dor e perda, e surpresa com a frieza de Rafaele, Samantha temeu que fosse cair no choro se dissesse mais alguma coisa. Então, saiu correndo dali, sem se preocupar com o que aquilo faria com sua reputação.
Ela havia se escondido em seu minúsculo apartamento, evitando Rafaele, evitando as repetidas tentativas dele de fazer com que abrisse a porta.
E aí começou. O sangramento e a dor terrível. Aterrorizada, Sam finalmente abriu a porta para ele, sua dor física momentaneamente eclipsando a emocional.

Ela olhou para Rafaele:

– Eu estou perdendo sangue.

Rafaele a levou à clínica, severo e pálido, mas Sam não estava mais prestando atenção nele. Ela agarrava sua barriga como se o gesto pudesse proteger aquele pequeno aglomerado de células, sem se importar com as consequências. Sam nunca havia pensado seriamente em ter filhos porque perdera a própria mãe muito jovem e tinha crescido com um pai emocionalmente ausente, porém naquele momento sentiu uma necessidade primitiva de virar mãe, algo tão forte que a fez estremecer.

Na clínica, um médico amável a informou de que não estava, de fato, abortando e que aquele sangramento, em alguns casos, era controlável. Disse que as cólicas eram provavelmente induzidas por nervosismo e a assegurou de que, com repouso e evitando situações estressantes, Sam teria uma gravidez perfeitamente normal e saudável.

O alívio havia sido esmagador. Até que Sam lembrou que Rafaele estava do outro lado da porta, esperando por ela e muito, muito irritado. Ele seria sempre uma interminável fonte de nervosismo e irritação, e, agora, Sam tinha um novo objetivo na vida: proteger aquela criança.

Ela teve medo de contar a ele que não havia perdido o bebê.

Quando uma enfermeira saiu do quarto e deixou a porta entreaberta, ela ouviu a voz daquele homem ao telefone:

– Eu estou um pouco ocupado com algo no momento. Não, não é importante... resolverei isso assim que possível e voltarei a ligar.

Qualquer pequena e traiçoeira chama de esperança que ela pudesse ainda manter viva em seu coração morreu naquele momento. E Sam tinha certeza de que, por causa da obrigação de confidencialidade entre médico e paciente, Rafaele não saberia se havia ou não abortado, a menos que ela contasse.

Assim que acabou a conversa no celular, ele entrou no quarto. Sam olhou para a janela, sentindo como se um vaso de cristal tivesse se estilhaçado dentro de seu peito. Ela havia se forçado a permanecer calma. Agora, o bebê era sua prioridade.

Rafaele se aproximou da cama.

– Sam...

Sem encará-lo, respondeu:

– O que é?

Ela o ouviu suspirar.

– Olha. Eu sinto muito... muito mesmo que isso tenha acontecido. Nós nunca deveríamos ter nos envolvido.

Sam se sentiu vazia.

– Não – concordou –, não deveríamos.

Mesmo ali, uma pequena voz a incitava a contar a verdade a ele, mas Sam estava com tanta raiva que temia que fosse explodir se começasse a falar.

Aquilo não seria nada bom para o bebê. Em pânico, finalmente virou sua cabeça para olhá-lo e disse:

– O que está feito está feito. Está acabado. Preciso passar a noite aqui em observação, mas vou embora amanhã. Vou para casa.

Rafaele estava pálido, e Sam teve vontade de dar um tapa na cara dele.

Sabia que ele não sentia mais por ela do que sentia pelo bebê que supostamente acabara de perder. Ele queria apenas se livrar dela. Resolverei isso assim que possível...

– Apenas vá, Rafaele, deixe-me. Por favor – implorou silenciosamente, sentindo os níveis de estresse crescerem. Suas mãos torciam o lençol fazendo com que as juntas de seus dedos ficassem esbranquiçadas.

Rafaele apenas olhou para ela com aqueles olhos verdes insondáveis.

– Foi melhor assim, cara. Acredite em mim... Você é jovem... Tem uma carreira pela frente. Afinal, não é como se tivéssemos algo sério, não é?

Sam mordeu o lábio inferior e decidiu, naquele momento, fazer todo o possível para se concentrar em sua carreira... e no seu bebê. Sem se importar com mais nada.

– Claro que não. Por favor, apenas vá.

Sam sabia que o aparente equilíbrio que ostentava era frágil e quebradiço, e que, a qualquer momento, ela poderia estourar, permitindo que Rafaele soubesse da verdadeira profundidade de sua agonia.

Rafaele deu um passo atrás.

– Eu vou providenciar para que seja levada para casa. Não precisa se preocupar com nada.

Sam reprimiu uma risada quase histérica ao perceber a imensa ironia da frase. Não precisava se preocupar com nada? Suas preocupações mal haviam começado. Ela assentiu.

– Tudo bem.

Rafaele já estava quase na porta, parecendo aliviado, muito, muito aliviado.

– Adeus, Sam.

Reprimindo um soluço vergonhoso com toda a sua força de vontade, Sam foi capaz de responder com um tom frio:

– Adeus, Rafaele.


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