segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Admirador Secreto - Elizabeth Bevarly - Os Barones de Boston 04

Título Original:
Taming the Beastly MD
Copyright © 2003 by Harlequin Books S.A.


Protagonistas:
Matthew Grayson e Rita Barone
Sinopse:

Moreno, alto... e carrancudo!

A enfermeira Rita Barone havia notado cada detalhe do temperamental cardiologista Matthew Grayson: seus ombros largos, suas mãos fortes, seu olhar penetrante e a expressão séria em seus lábios, seduzindo-a a perder a inocência. Mas ela nunca tinha percebido que ele era o seu admirador secreto. Alguém que enviava presentes anônimos. Sério e pragmático, o dr. Grayson se sentia um idiota. Como ele, um cirurgião renomado, poderia desejar uma jovem enfermeira de sua equipe? Afinal, ele não passava de um homem rude sedento pela atenção de uma mulher delicada...



Resenha:

Desde que li as sinopses da história dos Barone, antes mesmo de começar a leitura da série, eu sabia que este seria o meu favorito! Bem, até o momento realmente está sendo! Como não se apaixonar por um homem forte e carrancudo, mas cheio de complexos, devido as cicatrizes que ostenta no rosto e parte do corpo. Um homem que com medo da rejeição da amada, envia presentes anônimos super fofos e se alto recrimina por ser tão infantil. Gente! Eu tinha vontade de abraçar ele! Vocês não têm noção! Tá certo que os presentes anônimos começaram meio que por casualidade, mas ainda assim, não deixa de ser fofo! E a Rita, também? Adorei ela! Adorei que quando eles começam a se envolver, apesar de ter sido a irmã quem forçou uma barrinha, ela não se faz de rogada e parte para cima do nosso doutor! Claro que todo ogro tem seu momento de ogrice e o nosso doutor não é diferente. Eu fiquei com muita vontade de bater nele, mas no fim, a gente não entende direito, mas releva. PORQUE ELE É MUITO FOFO! hahahahahahahaha.. Dr. Matthew Grayson entrou para o meu rol de protagonistas masculinos favoritos, por quem serei eternamente apaixonada, onde figuram mocinhos como Andreo D´Allesio, de "A Vitória do Amor", da titia Lynne, Sergei Antonovich, de "Em Nome do Desejo", e Alex Rossini, de "Jogo de Sedução", também da tia Lynne, Lyon Falconer de "Cigana", da tia Carole Mortimer, além do meu Sheik favorito, aquele que me fez amar Sheiks, o meu suprassumo da Sheikaria toda, Tariq Shazad Ibn Zachir, de "Chantagem Audaciosa", também da tia Lynne. Acho que nunca tinha lido nada desta autora, mas adorei seu jeito escrever e vou procurar outros livros dela. Dei cinco estrelinhas, porque shippei demais esse casal! Encantadores!

Rita, apesar de herdeira da milionária família Barone, trabalha como enfermeira num renomado hospital de Boston. Exerce a profissão por puro amor. E toda essa dedicação, capta a atenção do Dr. Matthew Grayson, um médico cardiologista super temido, devido ao seu mau humor e suas cicatrizes no rosto. Tanto que leva o apelido de fera. Quando Rita o ajuda a salvar um paciente, o Dr. Matthew quer lhe dar um presente de agradecimento, e como já está meio interessadinho nela, mas é tímido, resolve deixar em seu escaninho, porém esquece de colocar junto o cartão que havia escrito. Ainda por cima, não se dá conta de que é dia dos namorados. É o suficiente para que o hospital entre em polvorosa e todos acreditem que Rita tem um admirador secreto. E realmente tem. Um dos mais fofos. Ele aproveita a deia e volta a deixar presentinhos para  Rita em datas especiais, A bichinha fica até um pouco assustada, mas Maria, irmã de Rita, dá um empurrãozinho para que os dois comecem a se relacionar. Créditos para Rita, Matthew e Maria. <3 font="">

Série "Dinastia: Os Barones" 
Ordem Cronológica
Admirador Secreto (Elizabeth Bevarly) - Matthew Grayson e Rita Barone
Paixão em Chamas (Barbara McCauley) - Shane Cummings e Emily Barone
A Bela e o Anjo Azul (Maureen Child) - Alex Barone e Daisy Cusack
A Cinderela e o Milionário (Katherine Garbera) - Joe Barone e Holly Fitzgerald
Medo de Amar (Cindy Gerard) - Daniel Barone e Phoebe Richards
Regra de Ouro (Kristi Gold) - Ashraf ibn-Saalem’s e Karen Rawlins
Apelo Selvagem (Anne Marie Winston) - Reese Barone e Celia Papaleo
Sedutora Particular (Eileen Wilks) - Ethan Mallory e Claudia Barone
Paixão Eterna (Metsy Hingle) - Steven Conti e Maria Barone


Pontos Altos:

"Agora, o presenteador misterioso atacara novamente, dei­xando-lhe um terceiro presente, no terceiro aniversário de seu ingresso como enfermeira no Boston General. 

Fosse quem fosse, naquele instante, ela se deu conta de que estava comemorando ocasiões especiais. Primeiro o Dia dos Namorados, depois o seu aniversário, e, agora, o aniversário do seu primeiro dia no trabalho. Devia ser alguém que trabalhava no hospital. Ainda assim, não conseguia imaginar quem estaria deixando presentes para ela daquele jeito. Não notara qualquer vestígio de interesse em qualquer um do sexo oposto. Nem no trabalho, nem em qualquer outro lugar. 

A não ser que estivesse deixando de perceber dicas e pis­tas que um homem, pudesse estar dando, o que não supunha ser impossível, haja vista que jamais se mostrara demasiadamente interessada no sexo oposto. As irmãs Gina e Maria costumavam dizer que era tão focada no trabalho que estava perdendo todo o restante que a vida tinha a oferecer, inclusive o romance. 

É claro, Rita não necessariamente discordava. O trabalho era mesmo muito importante para ela. Mais importante do que qualquer outra coisa, era capaz de admitir. Exceto a família, é claro. Os Barone eram muito unidos, e a família vinha em primeiro lugar para todos. Contudo, desde criança, Rita sempre quisera ser enfermeira, e o trabalho lhe trazia mais satisfação e preenchimento do que qualquer outra coisa. Ajudava a salvar vidas ali no hospital. O que poderia ser mais importante do que isso? 

Bem, havia salvar a própria vida, Gina sempre argumenta­va, considerando que Rita não tinha muito de uma vida fora do trabalho. E havia viver a própria vida fora do trabalho, é claro, Maria opinava. Sempre que as irmãs ofereciam tais opiniões, Rita as lembrava de que o trabalho era a sua vida, e de que gos­tava muito de suas escolhas. E, de fato, achava ser o suficiente, tinha uma vida produtiva e muito recompensadora, sem ter de lidar com todas as regras e os joguinhos de um relacionamento romântico, ainda mais no ambiente de trabalho. 

Porém, pensou, ao alisar o terceiro pequenino embrulho com o dedo, seria bom descobrir quem estava deixando presentes para ela. Pelo menos poderia ficar descansada sabendo que não passava de alguém se divertindo à custa dela. Pois não conseguia ignorar a sensação de que havia algo sinistro por trás daqueles presentes, mesmo que os presentes em si fossem inofensivos. 

Mais uma vez, Rita procurou um cartão, e, como já era espe­rado, nada encontrou. Inspirando fundo, enfiou o dedo sob a fita dourada e a empurrou. Depois, retirou o papel branco. Como fora o caso nos dois últimos presentes, a caixa era lisa e bran­ca, sem nenhum logotipo que lhe permitisse identificar onde o presente fora comprado. Cuidadosamente, Rita abriu a tampa. 

— Minha nossa — disse ela baixinho, ao ver o que estava no interior. 

Um pequenino coração de cristal reluzia sobre a almofada no interior da caixa. Supunha que deveria ser algum tipo de peso de papel. Embora, de algum modo, fosse lindo demais para uma função tão prática. 

Um coração de cristal. Seria um símbolo do que ela fazia, cuidar de um órgão frágil? Ou um símbolo dos sentimentos frá­geis que o presenteador tinha por ela? E como haveria de desco­brir, sem o presenteador se revelar? E por que ele não fazia isso? Já fazia dois meses desde que o primeiro presente aparecera. Ele já devia estar pronto para se apresentar. A não ser que..."


***


"— Está tudo bem, dr. Grayson? — perguntou ela, sem pensar. — Não parece o mesmo de sempre. 

Ele ergueu o olhar para ela, e foi só então que Rita se deu conta da familiaridade com que se dirigira a ele. O Boston General não tinha regras no tocante a isso, mas o dr. Grayson tinha. Todo mundo sabia que ele não era o tipo de pessoa que falava de coisas pessoais. Mas Rita não pôde evitar. Era a sua natureza. 

— E com quem é que pareço, Rita? — perguntou ele calmamente. 

— Hã, com ninguém em especial. Só... você sabe... não o mesmo de sempre. 

— E como é que costuma parecer o meu eu de sempre? — pros­seguiu ele perguntando. 

— Hã... Eu, hã.... O que eu quis dizer é que... E só que... 

Ótimo. Como é que iria sair daquele mato sem cachorro? 

— Sim, Rita, está tudo bem — respondeu o dr. Grayson por fim, antes que ela se enrolasse ainda mais. Mas também não deixou barato: — Não que seja da sua conta — acrescentou ele, com firmeza. 

Outro ponto para o médico bestial, Rita pensou. 

Ela apenas assentiu e desviou o olhar, mordendo o lábio infe­rior para conter uma resposta mordaz. Ao voltar a olhar para ele, notou que os olhos dele não estavam fitando os seus, embora sua atenção estivesse voltada para o rosto dela. Mais especi­ficamente para a boca. Ele estava reparando como ela mordia ansiosamente o lábio, e... 

...e provavelmente considerando-a o pior tipo de neurótica. Na mesma hora Rita parou de morder o lábio e empertigou-se. 

— Sinto muito — disse ela. — Não quis ser intrometida. 

— Não quis mesmo? 

Ela sacudiu a cabeça, sabendo que ele falava a verdade. Por que haveria de querer se intrometer na vida de Matthew Gray­son? Só porque achava intrigante o seu mau humor aparente­mente inexplicável? Porque ele tinha lindos olhos verdes? Por­que parecia tão dedicado ao trabalho quanto Rita? Porque tinha lindos olhos verdes? Porque desde o dia em que começara a tra­balhar na UTC que queria saber qual era a história dele? Porque ele tinha lindos olhos verdes? Porque ela queria ter a coragem para lhe perguntar sobre as cicatrizes no rosto e no pescoço? 

E será que já mencionara os lindos olhos verdes? 

Controle-se, Rita. Estava falando dos olhos do dr. Matthew Grayson. Um renomado cirurgião cardíaco e um ranheta de pri­meira, provavelmente dez anos mais velho do que ela, e muito mais sério. Não era o tipo de homem no qual ela deveria estar pensando de qualquer modo que fosse. Ele não fazia o seu tipo. 

Mesmo que tivesse olhos lindos."


***



"Matthew Grayson mal conseguiu chegar ao seu consultório nas torres adjacentes ao Boston General antes de as pernas bambearem. Cambaleou até a mesa e largou-se na poltrona de couro atrás desta, inspirando profundamente, na esperança de acalmar o coração em disparada. Em seguida, xingou-se por ser tão idiota. 



Rita Barone chegara muito perto de flagrá-lo desta vez. Ao vê-la deixar o posto das enfermeiras, achara que ela fosse tirar um intervalo maior do que apenas alguns minutos. Sendo assim, não tivera pressa em tirar o embrulho do bolso do paletó e enfiá-lo no escaninho. Além do mais, antes de poder se aproximar, teve de esperar que outra enfermeira e um paciente concluíssem sua conversa perto do posto das enfermeiras e fossem embora. Não podia correr o risco de alguém avistá-lo perto do posto de Rita quando fizesse o que tinha de fazer. 

Mal teve tempo de deixar o presente e fugir antes que ela retomasse. Por sorte, ela estivera totalmente concentrada em não derramar o café ao descer o corredor. Se tivesse erguido o olhar por um segundo que fosse, o teria avistado ali, e, após encontrar o embrulho, não teria tido problemas em adivinhar quem vinha lhe deixando presentes misteriosos pelos últimos dois meses. 

E Matthew já se sentia o maior palhaço na face do planeta por deixar tais presentes misteriosos. Aqui estava ele, um ho­mem de 33 anos de idade, um dos cirurgiões mais famosos da Nova Inglaterra, e membro de uma das famílias mais ilustres de Boston, e estava se comportando como um colegial inexperiente, deixando presentes no armário da garota de quem gostava. O que em nome de Deus o reduzira a tal comportamento? 

Ora, é claro que sabia a resposta. E admiti-lo o fazia sentir-se um palhaço ainda maior. A simples presença de Rita Barone na Unidade de Tratamento Cardíaco no Boston General. O “bestial” dr. Grayson (é, sabia muito bem qual era o seu apelido no hospital. Afinal de contas, tinha ouvidos) tinha uma queda por uma das enfermeiras. E não apenas qualquer enfermeira, mas uma jovem, bonita e alegre. Uma enfermeira que, com certeza, ficaria chocada e enojada se, algum dia, viesse a descobrir a identidade do seu admirador secreto. 

Era a própria história de A Bela e a Fera. Sem querer, Mat­thew havia se reduzido a um chavão."



***


"— Desculpe, Matthew. Eu não deveria ter perguntado. Não é de minha conta. 

— Não, não é — apressou-se ele em responder. Mas sua voz parecia um pouco distante, como se estivesse perdido em pensa­mentos. — Eu só... — Ele suspirou profundamente. — Já aconteceu há tanto tempo que seria de esperar que não tivesse mais impor­tância. Que não me incomodasse falar sobre isso. 

— Mas incomoda? 

— As vezes. 

— Olhe, sinceramente, não precisa me contar se não quiser. 

— Fui atacado por um leão. 

Rita interrompeu-se no instante em que ele falou, mas não chegou a fechar a boca. Não sabia ao certo se ele estava brincan­do. Pessoas ainda eram atacadas por leões? Parecia algo tirado de um romance do século XIX. 

— Quando eu tinha 10 anos de idade — prosseguiu ele —, meus pais e eu estávamos em um safári no Quênia, na ocasião. 

Ela se deu conta de que ele, de fato, estava falando a verdade, mas ainda sacudiu a cabeça em discreta incredulidade. 

— Certa noite, eu me afastei demais do acampamento — disse ele, com a voz baixinha e séria, como se estivesse perdido em pensamentos. — Mesmo tendo sido avisado para não fazer isso. Eu estava olhando para o céu — disse ele e olhou para o céu estrelado, como se jamais o houvesse visto. — Estava tão lindo naquela noite que acho que não percebi o quanto me afastei. Fui o bezerro que se afasta da manada — acrescentou, com um sorriso amarelo. — Presa fácil. — Ficou sério ao voltar-se nova­mente para Rita. — O animal saiu do nada. Era uma fêmea. Em um momento tudo estava calmo e fascinante, e, no outro... No instante seguinte, estava lutando pela minha vida. 

— Ah, Matthew. 

Rita sequer conseguia imaginar o pavor e a confusão que ele sentira. 

— Alguém no acampamento deve ter escutado a comoção, pois um grupo veio correndo, gritando e agitando tochas, e a leoa me largou e desapareceu na escuridão. Meu ombro e mi­nhas costas sofreram o pior do ataque. Se você acha as cicatrizes do meu rosto impressionantes, deveria ver as que tenho ali. — Ele se deu conta do que suas palavras pareciam estar sugerindo, pois desviou o olhar e tratou de acrescentar: — Pensando bem, não, não deveria. Os cirurgiões plásticos fizeram o possível com o meu rosto, mas as feridas foram tão profundas... 

Rita não fazia ideia do que dizer. Contudo, quando Matthew voltou-se novamente para ela, ele parecia tão ansioso com a rea­ção dela que ela se forçou a sorrir. Foi então que se deu conta de que o sorriso era uma reação perfeitamente normal. 

— Acho que os cirurgiões plásticos fizeram um ótimo traba­lho — disse Rita. — E claro que tinham a melhor das fundações com que trabalhar. Você poderia ser um astro de cinema. 

— Não sei — respondeu ele, abaixando os olhos como um ado­lescente tímido. — Mas a coisa toda pareceu algo tirado dos fil­mes. Passei boa parte da vida desejando que fosse mesmo. Não foi divertido crescer parecendo uma fera. 

Por um instante, ele pareceu pensativo, como se estivesse considerando se deveria ou não dizer mais. 

— Lembro-me de certa vez — disse —, quando estava na oitava série. Eu mudara de escola, de novo, pois fora expulso da últi­ma, mais uma vez, por brigar muito. Não que fosse eu a come­çar as brigas, veja bem — acrescentou, como se precisasse que ela soubesse disso. — Mas eu era novo na escola, e, como um idiota, achava que as coisas poderiam ser diferentes dessa vez. E havia uma garota na minha aula de semântica... Ela era tão bonita — disse ele, com um sorriso tímido. — Loura, olhos azuis, suéter apertado, a fantasia adolescente da garota perfeita. E ela sempre se voltava quando eu estava olhando para ela, como se pudesse pressentir o meu olhar. Mas jamais pareceu se importar, sabe? Sempre olhava de volta para mim. O racional me dizia que ela olhava para mim pelo mesmo motivo que todo mundo o fazia. Porque eu era uma aberração... 

— Matthew... 

Ele continuou antes que ela tivesse a chance de dizer mais: 

— Contudo, parte de mim tinha esperança de que... — Ele deu de ombros. — Não sei. Ela apenas parecia ser diferente das ou­tras. E então, um dia, a melhor amiga dela veio até o meu armá­rio e me disse que a garota queria me ver. Que ela gostava de mim. Que queria conversar comigo. Não conseguia acreditar. Fiquei tão feliz. Fui ao encontro dela atrás do ginásio, onde a amiga me disse que ela estaria me aguardando. 

Ele interrompeu-se novamente, inspirando fundo, antes de expirar lenta e melancolicamente. 

— Para encurtar a história, a garota estava mesmo me espe­rando ali. Com o namorado. Falou para eu parar de olhar para ela na sala de aula, pois a deixava enojada. E deixou que o na­morado falasse por ela. Infelizmente, não houve muita troca de palavras após isso. E tive de trocar novamente de escola pouco depois. 

— Ah, Matthew — Rita voltou a repetir. 

— E essa é a vida da fera — concluiu ele, trivialmente. 

Rita sentiu um aperto no coração. Será que ele realmente se via dessa maneira? 

— Você não é nenhuma fera — afirmou Rita. 

Ele sorriu, com uma risada desprovida de humor. 

— Não sou? — perguntou ele. — Todo mundo no hospital pare­ce achar que sim. 

— Isso nada tem a ver com as suas cicatrizes. — Rita apressou-se em corrigi-lo. — Tem a ver com a sua atitu... — Ela interrompeu-se antes de completar, tapando a boca com a mão, horrorizada com o que acabara de revelar. — Matthew, não foi isso que eu quis dizer. — Tratou de esclarecer, abaixando a mão. 

— Você não é nenhuma fera — repetiu, com convicção ainda maior dessa vez. 

Como se quisesse provar isso, levou a mão ao rosto dele e, após ligeira hesitação, deslizou os dedos de leve sobre as cicatri­zes que ele parecia achar tão repulsivas. A princípio, ele afastou a cabeça, como se não quisesse que ela o tocasse. Mas Rita in­sistiu, e, por algum motivo, dessa vez, ele permitiu. 

— Você não é uma fera — insistiu ela. — É... 

Seus olhares se encontraram, e ela se deu conta de que pou­cos centímetros os separavam. Matthew virou ligeiramente a cabeça, inclinando-a para o lado, de modo a melhor poder sentir o toque dela. 

— Sou o quê? 

Rita espalmou gentilmente a mão no rosto dele, afastando e estendendo os dedos. Sentiu-se chegando ainda mais perto dele, mas não se lembrava de ter tomado a decisão para adiantar-se. Parecia estar à mercê dos instintos. 

— Você é... — tentou ela novamente. 

Mas não achou palavras para descrevê-lo. Algo no modo como ele a estava fitando fez com que um arrepio de emoção viajasse até o centro de seu ser. E, quando ele cobriu sua mão com a dele, a sensação se intensificou. 

Ainda se deixando levar pelo impulso, e sem saber ao certo porque fez o que fez, Rita ficou na ponta dos pés e pressionou levemente os lábios de encontro aos dele. No instante em que as bocas fizeram contato, algo explodiu no íntimo dela, incen­diando-lhe o corpo. A sensação foi tão imediata, tão intensa, tão surpreendente que ela instintivamente recuou. 

Foi apenas um beijo casto e inocente, procurou se convencer. Quisera mostrar a Matthew que ele não era repulsivo, como pa­recia achar. Sendo assim, roçara gentilmente os lábios nos dele e recuara. Contudo, de algum modo, sentia como se a terra hou­vesse desaparecido de sob os seus pés. 

— Você não é uma fera, Matthew — repetiu uma última vez. 

— De modo algum. — Em seguida, como tinha medo do que po­deria acontecer se permanecessem lá fora a sós por mais tempo, ela deu um passo para trás e acrescentou: — E melhor voltarmos lá para dentro. Devem estar nos procurando. E realmente está mais frio do que pensei aqui fora. Sentiu-se a maior das mentirosas ao lhe dar as costas, sem aguardar uma resposta, e avançar na direção das portas do terra­ço. Não porque sabia que algum dos Barone estaria procurando por ela, sabendo que ela desaparecera com um distinto médico bonitão, mas porque jamais sentira tanto calor na vida."


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